Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

caixa de pandora

Também conhecida como caixinha de maldades, a caixa de Pandora está aberta a toda contra os trabalhadores no Brasil. A desculpa de sempre é a crise mundial. Está todo mundo vendo o que está acontecendo, mas o conformismo parece não ter oponentes: mesmo porque seu principal aliado é uma famosa emissora de comunicação, que todas as noites derrama nos lares (lar, o que será isso?) doses gigantescas de uma violência estilizada, tornando quase invisível a outra violência, que se vivencia no dia a dia. Uma novela que conta com mais de 20 assassinatos ao longo de cerca de seis meses de trama deve ter alguma coisa a dizer sobre o público que a prestigia ― foram 25 mortes ao longo dos 185 capítulos, uma a cada sete dias. Este país só não é mais ridículo por falta de espaço. 

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