Ao tomar conhecimento de uma nova adaptação para o cinema de Augusto Matraga, lembrei o quanto sempre gostei do conto e da fantástica personagem-título, e me senti estimulada a reler a história, afinal o momento é propício (os tais seis meses...). A releitura só fez confirmar a força descomunal de Augusto Matraga (conto e personagem). Três trechos, bem curtos:
“Quando chega o dia da casa cair ― que, com ou sem terremotos, é um dia de chegada infalível, ― o dono pode estar: de dentro, ou de fora. É melhor de fora. E é a só coisa que um qualquer-um está no poder de fazer. Mesmo estando de dentro, mais vale todo vestido e perto da porta da rua. Mas, Nhô Augusto, não: estava deitado na cama ― o pior lugar que há para se receber uma surpresa má.”
“Assim, quase qualquer um capiau outro, sem ser Augusto Estêves, naqueles dois contratempos teria percebido a chegada do azar, da unhaca, e passaria umas rodadas sem jogar, fazendo umas férias da vida: viagem, mudança, ou qualquer coisa ensossa, para esperar o cumprimento do ditado: ‘Cada um tem seus seis meses...’”
“E assim se passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho deste jeito, sem tirar nem por, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma estória inventada, e não é um caso acontecido, não senhor.”
ROSA, João Guimarães. Sagarana. 13.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p.324-370.
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