[...]
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
― Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
― Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
ASSIS, Machado de. Um apólogo. __. 50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.367.
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