Na festinha de aniversário uma tia olhou-me as mãos e cobrou a aliança. Aludia ao papel que, simbolicamente, tal adereço joga em determinados círculos sociais, conspícuos onde me encontrava. Um pouco antes uma outra pessoa perguntou-me por que eu não usava anéis, já que tenho, segundo seu depoimento, mãos delicadas. Uma coisa responde a outra.
E por estar em campo semântico afim, sobre coisas que não estão necessariamente no universo dos afins, aproveito para desinflacionar meu marcador dileto, coisas díspares, que atende a tudo que me é muito próprio. Entra em seu lugar cousas díspares, a pretexto de trazer à boca de cena uma variante em desuso do português e lembrar Guimarães Rosa: "Tem coisa e cousa, e o ó da raposa." É de fato uma cousa díspar reparar na ausência de anéis ou afins nas mãos de uma pessoa, remontando ao tempo de Machado de Assis, que aliás reescreveu o provérbio célebre, vão-se os anéis, ficam os dedos, em fórmula engenhosa.
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