"Intacto (Espanha, 2003) é o tipo de filme que o espectador deveria ver sem ter ouvido falar." Assim começa o comentário do Cine Repórter (aqui). E foi justo assim que se passou comigo, uma mostra de cinema espanhol contemporâneo assistida, já se sabe, em BH. Então abandono o comentário, pois assim ele o pede, para dizer apenas que me lembrei deste filme bastante forte hoje, talvez não por acaso, e como havia esquecido quase tudo, exceto o filme e sua estranha matéria, joguei (e esta é uma palavra importante no filme), joguei umas palavras-chave no google, como "filme espanhol", "único sobrevivente de acidente aéreo", "acaso". Consegui chegar à minha pérola. E é só o que vou dizer, pois concordo inteiramente com o que diz o crítico na abertura do texto aludido. Já falei muito até.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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