As fábulas, salvo engano, com suas duras e inflexíveis lições de moral, não humanizaram o animal ao emprestar-lhe elementos humanos; ao contrário, elas brutalizaram/animalizaram o homem. Aqui, nesta curiosa inversão homem-natureza, que guarda parentesco com as fábulas, no animal encontra-se o pior do homem. P.S. Ou será ainda a projeção do pior do homem no animal?
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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