A passagem do tempo, capturada em flagrantes diários, o mesmo lugar, a mesma hora, pelas lentes de uma objetiva. Ficou-me deste filme a memória desses instantâneos cotidianos e a figura melancólica do personagem interpretado por William Hurt. O tempo como uma cortina invisível a esconder as vidas, as pessoas, umas das outras. E então surge o inusitado álbum de fotografias, a vida contada por si mesma. Mais do que isso, o regresso do cinema à sua origem, às imagens em movimento. Entre as imagens e as pessoas a cortina sutil do tempo, escupindo em suas vidas histórias de que participam, mas, como num teatro, mais abertas ao olhar do outro, quando as cortinas se abrem, que ao próprio olhar. Não sei o que é visto quando alguém me vê, pois não posso sair de mim. AQUI um comentário sobre o filme.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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