Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Walter Hasenclever

À MORTE DE UMA MULHER

Quando te curvas à beira do céu,
Desfolhada pelo verão:
Recuamos
Abrimos os olhos,
Vemos tua eterna imagem.
Agora sabes tudo,
Lágrima e esperança,
O universo da dor, o da felicidade.
Alma liberta, alma querida,
Nossa irmã,
Eis o lar!

Poesia expressionista alemã: uma antologia. Org. e trad. Claudia Cavalcanti. São Paulo: Estação Liberdade, 2000, p.100-101. Edição bilingue ilustrada.

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