ESTAÇÃO TÉRMINO
Como um navio no mar
A meio da noite a casa,
E o vento e a chuva em redor.
Lá dentro, a um canto do lar
Onde um bom tronco se abrasa,
O homem sentado espera.
Se alguém chegar,
Terá luz, terá calor.
Batem à porta. Quem dera
Que fosse realidade!
Já teve tais decepções
O homem que há tanto espera!
Mas agora, alguém batera
Que chega da tempestade,
Que percorreu solidões...
“Entre quem é!” Pode ser
Alguém que venha roubar,
Assassinar, ofender...
“Entre quem é!” Não importa.
Se alguém vem que bate à porta,
O homem só quer abrir.
Chegou, por fim, a saber,
Que, lá venha quem vier,
Seja quem for,
Só um dos dois pode ser
Desde que não a fingir:
A Morte, o Amor.
José Régio: Antologia. Seleção Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p.242-243.
Nenhum comentário:
Postar um comentário