Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

breve encontro

Ao chegar à janela a surpresa
(fugacidade de um instante,
breve intervalo entre
a sensação viva e a
consciência da sensação)
do sol batendo em cheio na janela da vida.
Como um sol, a sensação deslizou ―
por poucos instantes,
que, percebidos,
já escapavam
junto com a sensação ―
a sensação deslizou
da consciência
(consciência tomando corpo)
para o corpo ―
aquecendo-o no inesperado
encontro com a vida.

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