Tenho um amigo que, volta e meia, por e-mail, me chama de Marina ― o que me agrada, porque além de ter uma suavidade oscilando nas letras, etimologicamente é puro mar. Já quando outra amiga me escreve, noto que o contato foi salvo como Maraiana. Um dia resolvi perguntar e ela disse que quando percebeu a troca das vogais quis deixar, porque lhe pareceu que o nome assim ganhava uma nova beleza, ou dimensão. Assenti. As letras e suas incríveis possibilidades.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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