“Entrou numa sorveteria e comprou um sorvete. Passaram duas mocinhas de uniforme de colégio, conversando e rindo alto. Olharam para Tuda com a animosidade* que as pessoas sentem umas pelas outras e que os jovens ainda não disfarçam. Tuda estava sozinha e foi vencida. Pensou, sem ligar o pensamento ao olhar das meninas: que tenho a ver com elas? Quem esteve junto à doutora, falando de coisas misteriosas e profundas? E se elas soubessem da aventura nem entenderiam...
“Gertrudes pede um conselho”. Os melhores contos de Clarice Lispector. 3.ed. São Paulo: Global, 2001, p.197-198.
* má vontade constante ― segundo uma das acepções.
Nenhum comentário:
Postar um comentário