Atender ao telefone é receber uma visita inesperada.
Porque se trata de uma voz, um diálogo, uma interlocução que estão pedindo
passagem para a casa-paisagem que o eu ocupa, num momento em que a paisagem
pode estar bastante ocupada, inclusive com não ser eu. Quando ouço o telefone
tocar, nem sempre estou podendo efetivamente
falar ― e secundariamente falar com aquele interlocutor, naquele contexto. Alguma
coisa em mim diz não, não posso agora. O silêncio tem-se me tornado sagrado, e
acho que o eu precisa respeitar a paisagem de seu silêncio. Isso também é uma
forma de arte.
Richard Long, Sahara Line, 1988
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