Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 16 de outubro de 2010

Emily Dickinson / José Lira

We lose ― because we win ―
Gamblers ― recollecting which
Toss their dice again.


A gente perde
porque ganha
a gente faz
um coup de dés
porém jamais
se abolirá
o azar

Vê lá quem é
que vai jogar
de novo

Emily Dickinson. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p. 308-309. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário