Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 16 de outubro de 2010

um trecho de Sérgio Buarque acerca de Jean Genet

“E se pretendêssemos isolar caprichosamente, no caso de Genet, a contribuição puramente literária, não sei como elucidaríamos satisfatoriamente as razões de seu êxito. Esse êxito depende, em parte considerável, do fato de este escritor, com sua carreira notória de criminoso, ter podido viver realmente certos problemas morais dos mais agudos de nossa época e que a outros só foi dado conhecer da arquibancada.”

HOLANDA, Sérgio Buarque. O beija-flor e o leão. ___. O espírito e a letra: estudos de crítica literária I. Organização, introdução e notas Antonio Arnoni Prado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.362.

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