Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 12 de outubro de 2010

My Left Foot

“Christy Brown (Daniel Day-Lewis), filho de uma humilde família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira todos os movimentos do corpo, exceto o pé esquerdo. Com apenas este movimento, Christy consegue, no decorrer de sua vida, tornar-se escritor e pintor”. Esta é uma breve sinopse que pode ser feita do filme “My Left Foot” (Irlanda, 1989, Jim Sheridan). Assisti no cinema. E é claro que, não obstante irlandês, o filme foi pensado segundo o roteiro “arrebata-oscar”, aliás merecidíssimo, no caso do ator Daniel Day-Lewis, um dos melhores de sua geração. Mas que história! Imperdível. As fortes imagens do menino, e depois do homem, dizem de uma luta para ultrapassar certo limiar que o manteria no limbo do humano. É uma luta física, corporal, no sentido de que a totalidade daquele corpo se lança na busca do que os outros parecem conseguir tão facilmente. Não há como separar seu corpo de seu desejo de humanidade. O que levanta a questão: o que faz de um homem um ser humano, uma pessoa?

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