Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Emily Dickinson

Muita Loucura faz Sentido ―
A um Olho esclarecido ―
Muito Sentido ― é só Loucura ―
É a Maioria
Que decide, suprema ―
Aceite ― e você é são ―
Objete ― é perigoso ―
E merece uma Algema ―


Much Madness is divinest Sense ―
To a discerning Eye ―
Much Sense ― the starkest Madness ―
‘Tis the Majority
In this, as All, prevail ―
Assent ― and you are sane ―
Demur ― you’re straightway dangerous ―
And handled with a Chain ―

DICKINSON, Emily. Não sou ninguém: poemas. Trad. Augusto de Campos. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2008, p.44-45.

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