Há um blog que sigo, que descobri inteiramente por acaso, nomeado não gosto de plágio, e que presta um enorme serviço de utilidade pública, não só ao confrontar traduções e tradutores, como ao discutir o ofício da tradução. É o que se passa no post que reproduzo a seguir, remetendo para aqui:
encontro hoje uma encantadora palestra de paulo rónai, nos idos de 1985, no departamento de letras da universidade federal do paraná. gosto muito e partilho dessa visão da tradução como ofício artesanal.
Traduzir aprende-se traduzindo. Os artesões de antigamente formavam-se como aprendizes ao lado de um mestre, com quem passavam longos anos. É muito difícil encontrar um mestre tradutor que aceite aprendizes. Os cursos de tradução ensinam os conhecimentos básicos indispensáveis ao métier, mas o modo de fazer é objeto de aprendizado individual. Cada tradutor deve ser seu próprio mestre. Ele mesmo deve inventar seus exercícios, confrontar um original com alguma tradução impressa, comparar a sua própria tradução com uma dessas versões, justapor duas ou mais versões do mesmo texto, organizar sua relação de falsos-amigos, de expressões idiomáticas, de equivalentes sintáticos. É preciso resignar-se à gratuidade desses exercícios antes de se atrever a fazer traduções remuneradas. O lema horaciano – Multa tulit fecitque puer, sudavit et alsit ("muito fazer e suportar em jovem, suar e tremelicar") – aplica-se ao tradutor como a ninguém.
a palestra foi publicada pela revista letras, n. 34 (1985), às pp. 186-195, com o título cascas de banana no caminho do tradutor. Disponível aqui.
Fecha aspas.
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