A SOLIDÃO
A solidão é como chuva.
Sobe do mar nas tardes em declínio;
das planícies perdidas na saudade
ela se eleva ao céu, que é seu domínio,
para cair do céu sobre a cidade.
Goteja na hora dúbia quando os becos
anseiam longamente pela aurora
quando os amantes se abandonam tristes
com a desilusão que a carne chora;
quando os homens, seus ódios sufocando,
num mesmo leito vão deitar-se: é quando
a solidão com os rios vai passando...
RILKE, Rainer Maria. Poemas. Trad. Geir Campos. São Paulo: Luzes no Asfalto, 2010, p.23.
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