O que me fascina nos fractais, além da arte, é a possibilidade que a ciência tem de ressignificar o Universo e, por conseguinte, o que o homem é e sabe de si. Quem duvidará de um sonho depois de saber que a palavra fractal remonta ao adjetivo latino fractus, que significa "irregular", "quebrado". O dicionário diz melhor: rad. fract- + -al; ver frang-. Neste encontramos: do verbo latino frango, 'quebrar, despedaçar, fraturar, partir; rasgar, dilacerar, esfarrapar; fender, abrir, rachar, romper, esmigalhar'... Segundo José Augusto Carvalho, o verbo latino frango é raiz de vários alomorfes, como em fragoso, franzir, fração, frágil, fragmento, fratura, franzino, infrator, refratário, infringir, náufrago (de nau-fragus, isto é, 'que quebra o navio') etc. (aqui). Cuidado: Nau Frágil.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.