Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Emily Dickinson

O Perder Tudo ― me livrou
De perder Ninharias ―
Se nada maior do que um Mundo
Quebrar as Dobradiças
Ou extinguir-se o Sol ― se vê ―
Nada foi tão notável
Que do Trabalho me excluísse
Por Curiosidade.


The Missing All ― prevented Me
From missing minor Things ―
If nothing larger than a World’s
Departure from a Hinge ―
Or Sun’s extinction ― be observed ―
‘Twas not so large that I
Could lift my Forehead from my work
For Curiosity.

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p.56-57.

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