Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 23 de julho de 2011

Emily Dickinson: The Loneliness One dare not sound ―

A Solidão que Ninguém sonda ―
E o tamanho imagina
Enquanto põe o fio a prumo
Para a Cova medir ―

A Solidão que o maior medo
É de ver a si própria ―
E ante si própria destruir-se
Numa mirada só ―

Não o Horror de nos vigiarem ―
Mas no Escuro manter-nos ―
A consciência interceptada ―
E na Prisão o Ser ―

Sinto que a Solidão ― é isto ―
O Criador da alma
As Cavernas e os Corredores
Clarear ― ou lacrar ―


The Loneliness One dare not sound
And would as soon surmise
As in its Grave go plumbing
To ascertain the size


The Loneliness whose worst alarm
Is lest itself should see

And perish from before itself
For just a scrutiny


The Horror not to be surveyed

But skirted in the Dark

With Consciousness suspended

And Being under Lock


I fear me this
is Loneliness
The Maker of the soul
Its Caverns and its Corridors
Illuminate
or seal

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p.158-159.

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