Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

sutilezas

Pensar sutilezas é assim: há qualquer coisa de opresso, desagradável, que se quer esquecer. A sutileza vem em forma de desconfiança: mas e se em algum ponto da vida, não importa quão remoto, o rumo tivesse sido outro? E se lá atrás houve certa captura pelo sentido, e essa captura produziu uma vida, esta vida? Como alguém chega a se tornar o que é, o que pensa ser? É dessas possibilidades remotas (outrora e devir) que as sutilezas são tecidas, coisas esvoaçantes em grande silêncio de escuta.

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