Vernon Lee Kerr, Convergence, 1970
NAVEGANTE
O mar virá escavar
mas as rochas ― arestas dentadas
a cavaleiro da toalha de espuma
ou uma corcova ou então pináculos
com mergulhões ―
são o homem pertinaz.
Ele provoca a tempestade, ele
vive por ela! repassado
de temores que não são temores
mas aguilhões de êxtase,
um álcool secreto, um fogo
que lhe inflama o sangue até
a frieza pelo que as rochas
mais parecem lançar-se
sobre o mar do que o mar
envolvê-las. Estiram-se
no esforço de agarrar navios
ou até o próprio céu que
se debruça para ser despedaçado
sobre elas. Ao que ele diz,
Sou eu! Eu é que sou as rochas!
Sem mim nada se ri.
SEAFARER
The sea will wash in
but the rocks ― jagged ribs
riding the cloth of foam
or a knob or pinnacles
with gannets ―
are the stubborn man.
He invites the storm, he
lives by it! instinct
with fears that are not fears
but prickles of ecstacy,
a secret liquor, a fire
that inflames his blood to
coldness so that the rocks
seem rather to leap
at the sea than the sea
to envelope them. They strain
forward to grasp ships
or even the sky itself that
bends down to be torn
upon them. To which he says,
It is I! I who am the rocks!
Without me nothing laughs.
WILLIAMS, William Carlos. Poemas. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p.180-181.
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