Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

antes de dormir

Antes de dormir, percebo o silêncio. A partir de certo ponto, comecei a apreciá-lo. O que cabe aqui? Um Cortázar, decerto. Um poema, é mais do que certo. Mas dou uma passada de olho no texto que abre o blog e me incomoda a palavra comunicar: não é de comunicação que se trata, é de troca, entrega, doação, quando possível. Preciso trocar a palavra por outra, sem saber ao certo se o que faço aqui é troca de palavras (ou de silêncios), talvez porque perceba o quanto ando muda ultimamente, apesar da aparência de quem está muito falando. Nas palavras, nestas, esconde-se o negativo (tal como nas fotografias) da minha percepção do blog: não se sabe se é ilha ou mar, linguagem movente entre os sentidos dados e aqueles por construir. 

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