É impossível ser indiferente a tanta beleza:
Houve um tempo em que os bailarinos com seus violinos
Esqueciam suas agruras nos circos da infância?
Houve um tempo em que choravam sobre os livros,
Mas o tempo engendrou uma larva em seus rastros.
Eles não estão a salvo sob o arco do céu.
O mais seguro nesta vida é o que jamais se conhece.
Sob os signos do céu, os que não possuem braços
Têm as mãos imaculadas, e, assim como o espectro sem coração
É o único intocado, assim o cego é quem melhor vê.
Dylan Thomas. Poemas reunidos. Trad. Ivan Junqueira. 2.ed. rev. Rio de Janeiro: José Olympio, p.109.
Agora a moldura: li este poema hoje, no ônibus, indo para a análise, enquanto a memória buscava, em vão, lembrar-se de qual teria sido o poema de Dylan Thomas traduzido para o português que havia lido alhures, na blogosfera, muito bonito. Li de relance as considerações do tradutor sobre os poemas que serviram de base, questão sempre complexa na edição de textos, e ao que consta mais complexa no caso de Dylan Thomas. Vai ficar para outro post. A tradução não é bilingue, o vírus da desconfiança falou mais alto que a beleza que arrebatou no momento da leitura, e a carne por fim foi fraca: uma rápida combinação de palavras no Google levou não só ao poema original como ao outro poema que referi acima, e que era este mesmo, vertido para o português por HMBF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário