Só depois percebi a contiguidades entre estes extremos (aqui e aqui). Assim é minha esperança: na abundância se perde; na ausência se reinventa. Porque se todos os loucos que li estiverem certos, não há lugar para meio termo quando o assunto é o homem, aquilo que um dia, numa savana perdida, um bípede intuiu como diferença fundamental, tênue, fugaz talvez, entre ser sapiens e não ser, ainda quando ainda não o era: foi esperança o que aquele bípede sentiu. E me assusto toda vez que a esperança se afasta de mim, pois é como se estivesse negando a herança daquele ser (era já um bípede?), que, se não justificou a humanidade, deu-lhe sua única justificativa ante o vazio que aquela intuição imediatamente descortinou. Nós, ao nos afastarmos da natureza, nos tornamos os únicos seres capazes da solidão. Os animais, as árvores não estão sós, simplesmente porque são o que são, bastam-se em sua substância. A nossa substância pediu mais ao Universo, e nisso ela se viu só, buscando abrigo no semelhante, alimentando aquela remota esperança de... de quê? De ser algo mais que a matéria.
Em tempo: qualquer leitor versado em filosofia desmonta este meu texto em dois tempos: noções como ser, o ser e substância estão sendo usadas aqui no seu dado mais bruto, imediato. Mas foi brutal e prenhe de consequências a revelação que aquele bípede teve, sentir em si o brotar da esperança. Que deus lhe terá feito isso?
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