Informa Willi Bolle que a origem da palavra sertão é incerta (sem trocadilho), oriunda talvez de desertão: "Na verdade, a etimologia da palavra sertão é desconhecida [...]. Há, contudo, momentos, tanto em Guimarães Rosa quanto em Euclides da Cunha, em que o sertão torna-se um deserto", explica em nota o estudioso (O sertão como forma de pensamento, Scripta, v. 2, n.3, 1998, p.260). O Houaiss corrobora: "origem obscura; JM registra que, 'na opinião de certos autores, o vocábulo seria evolução do latim desertanu-, com operações fonéticas ainda não suficientemente esclarecidas'." AQUI uma bela apreciação das possíveis origens do termo sertão. E neste post apenas uma brecha, feito cortina entreaberta, a vislumbrar os misteriosos caminhos que a palavra sertão pode ter percorrido, e que se revolvem um pouco seu mistério não tiram seu jeito de enigma, seu encanto.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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