Fechar um ciclo em Belo Horizonte. Exato. Ou inexato. Há cinco anos atrás, aportava em Minas com alguns livros, minhas roupas e meu computador, tudo isso espremido num carro pequeno, de viagem. Três anos depois, um concurso público me trouxe para o Rio de Janeiro, e pago um frete para trazer meus livros, em maior número, alguns poucos pertences e o computador. E eis que a proximidade da defesa da tese precipita as coisas em mim: Belo Horizonte, a ufmg, a vida intensa que tive por lá, tudo isso, que já estava ficando no passado, agora se mostra em seu contorno de um ciclo. Naturalmente há os imponderáveis, os encontros felizes, as amizades: mas depois da defesa não terei mais vínculos profissionais por lá. Postei esse vídeo no último dia de 2010. É minha melhor tradução para essa coisa rara que estou sentindo, e que sei que é inevitável que passe. Muitas coisas que acontecem comigo acabam adquirindo, na distância do tempo, uma curiosa conformidade.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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