Fiz um post com esse título, pondo a palavra livros entre parênteses e a canção de Caetano Veloso a ilustrar o dito, apenas para não perdê-lo de vista. Trata-se de uma intuição que me veio numa conversa com uma amiga, em que passávamos em revista questões difíceis de adjetivar, envolvendo isso que se chama existência. Então me veio a intuição, já traduzida em palavras, a possibilidade de educar-me para a solidão, não exatamente no sentido que a palavra educação comporta, mas antes como a assunção de uma ética (e uma estética) que pressuponha uma atividade de distanciamento meditado. Educar-me para a solidão, sobretudo depurar-me do que é contingente demais, acessório. Pode ser só uma fase, pode ser uma escolha definitiva.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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