― Mari, você roubou mesmo o copo? Pelo jeito acabou tudo bem...
― Roubei.
A expressão fazer temeridades bem acompanhada é da amiga de Belo Horizonte que me pergunta se "roubei" o copo do bar onde estávamos, conforme havia dito que ia fazer. Ela foi embora mais cedo, fiquei com a R., que esqueceu a coisa. Quando estávamos indo embora, eis que saco da bolsa o precioso copo trazido de lembrança do bar orizontino (assim mesmo, sem o h). Ir ao bar é força de hábito e de expressão: quase não tenho bebido, e muitas vezes peço a cerveja sem álcool, só para sentir o gosto desse líquido dourado que adoro. Mas o caso é que essa prática de levar o copo para casa eu conheço de outros bares e carnavais, vendo amigos fazer ou ouvindo-os contar histórias. Nunca havia feito antes, mas como estou fechando um ciclo em Belo Horizonte, achei que merecia a façanha. Na verdade, a amiga empregou a expressão fazer temeridades bem acompanhada, em princípio, para outra coisa: decidir que filme assistir em cima da hora, na rua, comprando um jornal barato qualquer com a programação e sentando no primeiro lugar que encontrar. Já fizemos isso, dentro de um banco, mas não me lembrava mais. Aí que ela me escreve um mail intitulado "temeridades", perguntando pelo copo. Sorte a minha, que tenho boa companhia para fazer temeridades, mesmo ingênuas e inofensivas. Quando estou sozinha, também não é incomum fazê-las, só que não há testemunhas.
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