Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 23 de janeiro de 2011

Rio de Janeiro

Escrevo mentalmente um post, familiar à declaração de amor à outra cidade, enquanto, dormindo, me aproximo de você. Você me recebe com seu calor infernal de janeiro, me desnorteando, e eu, do alto dos meus 40 anos, ponho firme os pés em seu solo, fazendo-o um pouco mais meu, o coração pacificado por força de estar chegando em casa.

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