Escrevo mentalmente um post, familiar à declaração de amor à outra cidade, enquanto, dormindo, me aproximo de você. Você me recebe com seu calor infernal de janeiro, me desnorteando, e eu, do alto dos meus 40 anos, ponho firme os pés em seu solo, fazendo-o um pouco mais meu, o coração pacificado por força de estar chegando em casa.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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