Assim: conversavam os colegas na escola, durante o intervalo, sobre supermercado, o que compravam neste, naquele, naquele outro. Alguém falou então que no supermercado tal o preço da margarina estava impraticável. Aí entrei conversa. Disse que isso para mim não tinha importância, porque afinal eu não comprava margarina nem manteiga nem nada que servisse para passar no pão. Como você come o pão? Eu como o pão com o pão, sem nada. Nem presunto? Não. Queijo Mussarela? Não. Apresuntado? Também não. Um amigo um dia me disse: você come pão com o quê, então, com raiva? ― jogando com o paralelismo. Não, com amor, melhor, eu como apenas o pão de minha escolha. Somente o pão, sem adereços. Há coisas entre prosaicas e fantásticas no supermercado para comprar e passar no pão: requeijão, queijos especiais, pasta de soja, geleia queensberry... Mas quase nunca me apetecem, então não compro, ou compro quando há visitas, e aí eventualmente acompanho a visita e como. É como se buscasse uma simplificação da vida, e isso começa por não ter tanto o que comprar no supermercado. Como o pão como ele se oferece a mim, na qualidade de pão, de alimento: não sinto necessidade de orná-lo. E garanto que fiz grandes descobertas desde que passei a proceder assim, porque estamos aqui e comemos apressadamente o pão, maculando-o com nosso desejo de saber/sabor. É quase uma heresia dizer que não se passa nada no pão para comê-lo. Assim. Assado. E nada impede que daqui a seis meses alguma geleia volte a frequentar minha casa.
[imagem obtida aqui]
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