A minha insônia é um vasto mural no tempo, composto de quadros díspares e desordenados, cuja unidade em todo o cosmos é um fiozinho mínimo e invisível dentro da Noite: eu. Quando esse eu desaparecer, os quadros terão desaparecido para sempre do Universo, e isso não será um acontecimento positivo ou negativo; porque não terá a menor importância.
CAMPOS, Paulo Mendes. Cisne de feltro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p.67.
O meu soño é um vasto
adentrar no cosmos,
quando surgem
quadros díspares
e caóticos,
quadros em que
o que em mim
atende por eu
se reconhece,
tenuamente,
na grande
Noite cósmica.
Um fiozinho,
mínimo,
invisível,
insignificante.
Ao amanhecer,
quase tudo
desapareceu,
e o eu de novo
se adensa
na ilusão do eu,
que um dia,
como na Noite
de que voltou,
irá para todo
o sempre
desaparecer,
deixando, talvez,
vestígios que
a ilusão do dia,
outrora,
à Noite
outorgou.
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