Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 13 de dezembro de 2009

Bandeira

Irene no céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 142. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cum mi-am petrecut sfarsitul lumii (Catalin Mitulescu, 2006)


Dos filmes de ditadura focalizando a ótica de uma criança (como O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias ou A Culpa é do Fidel), Como Eu Festejei o Fim do Mundo é o melhor. Como não se apaixonar pelo menino Lali, irmão da rebelde Eva? Detalhe: é uma grata surpresa escutar o idioma romeno. A única música que toca ao longo de todo o filme é uma bela canção folclórica romena.

Informações adicionais: Contracampo - Revista de Cinema

"É. Eu me acostumo mas não amanso." 
A hora da estrela, Clarice Lispector 
(Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 32)