Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

"conversa afiada"

A Rede Globo — e Cia. Ilimitada — vai fazer de tudo para capitalizar os protestos em benefício próprio, mirando-os, pela manipulação, contra o PT e a presidente Dilma, e escamoteando o fato de que também é alvo dos protestos. Isso sem falar na figura ridícula que atende pelo nome de Arnaldo Jabor.

domingo, 16 de junho de 2013

Partido da Imprensa Golpista - PIG

Herberto Helder: um idioma sem gramática (para o domingo)

A alimentação simples da fruta,
a sabedoria infusa,
as constelações ao alto zoológicas arquejando, brutais
animais vivos, e à mesa de súbito o ar deslocado nas palavras, como se
por cima do ombro respirasse a memória
assimétrica do mundo, e um idioma sem gramática,
uma rápida música descentrada,
fundassem tudo, e depois corressem
o bafo e o fogo.

Herberto Helder. Ofício cantante. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009, p.515.