Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

o escorpião e o sapo

Penso sempre naquela fábula, em que o escorpião diz ao sapo que não pode mudar sua natureza. Essa fábula coloca um limite, talvez pouco confortável e evidente, entre o animal e o homem. Mas qualquer que seja a vocação humana, seu desafio é contrariar sua natureza.

domingo, 10 de novembro de 2013

Ricardo Reis

Em vão procuro o bem que me negaram.
As flores dos jardins dadas aos outros
Como hão-de mais que perfumar de longe
       Meu desejo de tê-las?

Poesia completa de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia de Bolso, 2005, p.66.

ouvindo grateful dead