Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

"o homem não é a medida de todas as coisas" (o pensamento de Spinoza)

“Nossos valores, nossas noções testemunham, por assim dizer, sobre nós, não sobre a natureza das coisas; expressam as maneiras como somos afetados pelas coisas e como reagimos a elas, mas não podem explicar o real ou servir à compreensão da natureza, a não ser por obra da superstição ou do preconceito ou até de um racionalismo desembestado que desejasse meter a natureza no cubículo da razão humana.”

Homero Santiago. Spinoza: superstição e ordem moral do mundo. In: MARTINS, André (Org.). O mais potente dos afetos: Spinoza e Nietzsche. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p.211.