Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

então é possível

Peace is a fiction of our Faith -

A Paz é uma ficção da Fé -


DICKINSON, Emily. A branca voz da solidão. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2011, p.44-45.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

longe da inocência

Com as palavras, todo o cuidado é pouco ― com as pessoas também. Atentando-se ao primeiro, o segundo estará assegurado? Ou o segundo afeta a performance do primeiro? Se não há lisura na linguagem, por que ela, ao ser empregada pelas pessoas, estaria imune a suspeitas?

terça-feira, 17 de julho de 2012

relendo grande sertão: veredas (XXVIII)

“O que o medo é: um produzido dentro da gente, um depositado; e que às horas se mexe, sacoleja, a gente pensa que é por causas: por isto ou por aquilo, coisas que só estão é fornecendo espelho. A vida é para esse sarro de medo se destruir; jagunço sabe. Outros contam de outra maneira.”

ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.382-83.

old man

sangue latino: "minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos"

lugar subjetivo

A gente toma distância ― e as coisas mudam de lugar.

relendo grande sertão: veredas (XXVII): "As coisas que eu tinha de ensinar à minha inteligência"

“O que uma pessoa é, assim por detrás dos buracos dos ouvidos e dos olhos? (...) Ah, fiquei de angústias. O medo resiste por si, em muitas formas. Só o que restava para mim, para me espiritar ― era eu ser tudo o que fosse para eu ser, no tempo daquelas horas. Minha mão, meu rifle. As coisas que eu tinha de ensinar à minha inteligência.”

ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.373.