Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 15 de novembro de 2025

Lô Borges (1952 - 2025)

Depois de quase duas semanas, a morte de Lô Borges consegue encontrar um lugar de apaziguamento em mim. Lô Borges e Milton Nascimento criaram, junto a uma trupe de compositores e letristas talentosíssimos, o movimento musical que entrou para a história da MPB como Clube da Esquina, história muito bem contada no livro "Os sonhos não envelhecem". Dentre as muitas canções de Lô Borges, "Trem de Doido" ocupa um lugar especial, por fazer parte do movimento antimanicomial no Brasil. Mas são tantas outras canções que aprecio ouvir que se trata de uma escolha quase arbitrária. Eu não sabia que gostava tanto de você, Lô. Para sempre vou te amar.