Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 27 de abril de 2013

Emily Dickinson

Tão plausível se torna
Um Sonho acalentado
Que o real para mim já é fictício –
A ficção – é real –

Que Visão suntuosa –
Que riqueza – seria –
Tivesse minha Vida sido um Erro
Corrigido – por Ti


The Vision pondered long
So plausible becomes
That I esteem the Fiction
real
The Real
fictitious seems

How bountiful the Dream

What Plenty
it would be
Had all my Life but been Mistake
Just rectified
in Thee

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p.200-201.

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