Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 23 de junho de 2013

o futebol como metáfora (incômoda) do país, ou os pés de barro da pátria de chuteiras

“É importante saber que a tia Fifa não é como é por insensibilidade ou elitismo desvairado. Suas exigências, que parecem irrealistas, obedecem a um desejo de ordem social e estética. A tia Fifa sonha com um mundo limpo, em que as desigualdades entre ricos e pobres desaparecem desde que todos sigam as mesmas regras e tenham o mesmo gosto, e por isso a convidam.” (Luis Fernando Verisssimo, hoje, n’O Globo)

“[...] o jogo de Neymar ensina que o movimento emaranhado das ruas tem de achar o jeito inspirado de acertar no melhor. Que saibamos chegar ao mais bonito.” (Caetano Veloso, hoje, n’O Globo)

“Diz o escritor inglês Alex Bellos que, se para os europeus os marcos da memória histórica do século XX são dados pelas Guerras, no Brasil são dados pelas Copas do Mundo. A afirmação sinaliza de maneira ambivalente o quanto a paixão do futebol deu forma à identidade e à memória coletiva brasileira, ao mesmo tempo em que sugere o quanto ela é pautada tradicionalmente pelo jogo, pelo lúdico, e não pelo enfrentamento das realidades. A comparação ganha uma outra atualidade agora, quando o ensaio da Copa do Mundo através da Copa das Confederações vem acompanhado de uma guerra, real e simbólica, onde está em jogo o custo social da tarifa de ônibus, o custo social da Copa do Mundo, o custo social e político do Brasil. Uma inesperada junção à maneira brasileira de guerra com Copa, por isso mesmo muito nova.” (José Miguel Wisnik, ontem, n’O Globo)

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