Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 5 de janeiro de 2014

três contos

Li os Três contos de Gustave Flaubert, que formam uma intrigante unidade. Sem dúvida "Um coração simples" é o mais cativante — e mesmo de leitura imprescindível —, porque a personagem, em sua trajetória de sofrimento e simplicidade, desmonta aquelas meia-ideias tipicamente burguesas, facilmente identificáveis nas conversas. Aliás, conforme uma fala da “santa” que surge ao final do filme “A Grande Beleza”, não se fala sobre a pobreza: vive-se.

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