Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 22 de novembro de 2025

Leonardo Fróes (1941-2025)

BEM SECRETO
 

Nem saudade nem pressa: paciência.  

Aprender essa arte,  

conjugá-la com a sorte.  

 

Nem mesmo a sede inextinguível  

de inventar necessidades  

para satisfazer-se à larga.  

 

Somente a paciência dos anjos  

que entoam cantos em louvor.  

Somente a paciência dos doidos.  

 

FRÓES, Leonardo. Trilha. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2015, p.126. 


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