Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 15 de junho de 2010

texto do corpo / corpo do texto

Escrever um texto no corpo, no corpo do texto, inscrever o corpo no texto - o corpo como um texto, que se escreve e reescreve - suas histórias, marcas e cicatrizes (seu contexto), nem sempre visíveis ou facilmente delineáveis - as externas nem por isso mais óbvias. O corpo é um texto, que não se escreve sozinho. 

Iberê Camargo, Figura, 1965

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