Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

livros

Disse em post recente que não faço compras de Natal. Mas não se escapa de ter família, e mesmo quem não tem filhos costuma possuir um sucedâneo nos sobrinhos, tendo também irmãos. Fui então à Livriaria da Travessa comprar alguns livros que servirão como presentes, e que possivelmente serão lidos, quem sabe alcançando o que pretendiam ser, no meu gesto: um além da mercadoria. Sem muitas ilusões a esse respeito. Li Walter Benjamin. Mas a vida é estar aqui agora escrevendo esse post, mais uma das minhas declarações de amor aos livros ― e à escrita, da qual não consigo me furtar, sob pena de me faltar o próprio ar, não obstante a vida material estar relativamente encaminhada. Pode parecer grosseiro falar assim, mas o custo de tudo é elevado, e a fatura chega, sempre chega, de diferentes formas. 

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