Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 4 de julho de 2012

futebol, crise e cia.

Se uma simples final de Libertadores entre um time brasileiro de prestígio e o rival da Argentina está atraindo tantos holofotes da mídia, em especial da rede hegemônica, imagino que na cobertura da Copa do Mundo não se falará em outra coisa. Mas há outra coisa aí. Os holofotes estão sendo desviados da crise.  A CPI do Cachoeira foi deslocada para os confins do Brasil, a prefeitura de Palmas (Tocantins), enquanto a construtora Delta está sendo investigada por  ligações ilícitas com o governador do Rio de Janeiro, que foi claramente blindado. A rede pública federal de ensino está parada há mais de um mês, e outros setores do país também estão em greve, como a saúde. Os cortes na aposentadoria e a ausência de correção dos vencimentos pela inflação, bem como a ausência de clareza quanto aos planos de carreira, estão entre os motivos da deflagração da paralisação pelos professores públicos federais. Mas é claro que um jogo de futebol interessa muito mais. 

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