Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 27 de julho de 2010

Emily Dickinson: "A gangue dentro da alma"

A gangue dentro da alma
A polícia não prende
O que de início era tumulto
É dado como paz

Sem cenário acertado
Ou som suficiente
Mas tal um furacão surgindo
Em um solo ideal.


The mob whthin the heart
Police cannot suppress
The riot given at the first
Is authorized as peace

Uncertified of scene
Or signified of sound
But growing like a hurricane
In a congenial ground.

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p. 142-143.

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