Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Carlos Drummond de Andrade


Abril, 6 ― De boas intenções está calçada a Rua da Reincidência, palmilhada sem vontade, com receio de ferir pés alheios.

ANDRADE, Carlos Drummond de. O observador no escritório. Rio de Janeiro: Record, 1985, p.144. [1963]

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