Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cartas de Iwo Jima (EUA, Clint Eastwood, 2006)



As Cartas de Iwo Jima representam a resistência possível: "narrar é resistir", diz a literatura de Guimarães Rosa. Mas há outra forma de resistência no filme, a própria vida que se recusa a sucumbir. O mais bem-humorado dos soldados é o que recusa o código de honra de sua cultura, para continuar vivendo. A guerra aparece no filme como uma experiência-limite de conhecimento e afirmação da vida. Vida inseparável da narrativa que dela é possível fazer. 

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